Nestes primeiros anos do século 21, Piracicaba também sofre da gravíssima epidemia nacional de Homofobia, o terror dos heterossexuais por gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais (representados pela sigla GLBTT).
Bastou se divulgar a intenção de se fazer uma Parada desse segmento na cidade para começarem os primeiros protestos.
HOMOFOBIA CAIPIRA - Estima-se que em Piracicaba vivam cerca de 40 mil gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais. Um tremendo potencial consumidor e eleitoral ignorado pela mídia, por empresários e pelos políticos locais.
Confira: Há oficinas mecânicas, borracharias e auto-elétricas com preços sobretaxados para seus clientes GLBTT. Vai do dono ser homofóbico ou não. Coisas para o PROCON resolver. Certos profissionais das Unidades Básicas de Saúde encaram homossexualidade como doença. Deveriam vê-la não só pelo lado clínico, mas também pelo social. O Dr. Fernando Cárdenas, secretário municipal da Saúde, poderia se manifestar a respeito.
A humilhação - em público ou não - é o desrespeito mais freqüente. Em junho, um gay morador no Centro foi humilhado na porta de casa por um homem que não gostou do "jeitinho" dele. Acabou detido pela polícia.
Em 2005, num badalado shopping, um segurança agrediu um travesti por este ter entrado no banheiro feminino. Minutos depois, ruidoso protesto juntou dezenas de militantes GLBTT.
A mídia em Piracicaba pode ser homofóbica, também. Há 20 anos, o único funcionário gay de certa Rádio foi discriminado e humilhado quase diariamente.
Certo dia, foi agredido fisicamente. Semanas atrás, ao saber da intenção de se realizar a 1.ª Parada GLBTT de Piracicaba, um radialista comentou: "os gays já fazem 'parada' toda noite, na rua Benjamin Constant". E num jornal local, um colunista engraçadinho insiste em piadas sobre bichas quase toda semana.
ASSASSINATOS - Há anos Piracicaba registra homicídios de GLBTT. Na maioria das vezes, ocorrências sem solução e acobertadas. Um caso trágico do final da década de 1980 vitimou um enfermeiro. Ele foi levado até o município de Salto, onde foi morto com dezenas de facadas e teve o corpo mutilado.
Não dá para esquecer também o homicídio a pauladas contra um travesti que residia no Bairro Alto, em anos recentes. Ou o assassinato de conhecido professor de português do Sud Mennucci, morto a tiro dentro do seu VW Gol em Capivari, na década passada. Recordo ainda o assassinato de um garçon na rua José Pinto de Almeida, semanas atrás. Pelos exemplos acima, nota-se a urgência de vários segmentos de Piracicaba se reunirem com o pessoal do CASVI - Centro de Apoio e Solidariedade à Vida, que conta com um núcleo de apoio GLBTT. E tentarem juntos soluções locais para os absurdos listados acima.
* Francisco H. C. Cervelló é militante gay e um dos organizadores da 1.ª Parada GLBTT de Piracicaba.
IDENTIFICAÇÃO DO AUTOR: Francisco H.C. Cervelló RG 12.653.539-5 TELEFONE: 3433-2254 ENDEREÇO: Av. 31 de Março, 1001 - Bloco 'França' - 33
Muito Bom este post.
ResponderExcluirAs férias foram boas pelo visto....
Não só em Pira é assim.
Bem vindo a realdiade interiorana... Às pessoas de mente angular ... Ao Brasil!!!